sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Jó, um dos maiores líderes de adoração

Jó, um dos maiores líderes de adoraçãoQuando falamos em líder de adoração pensamos logo em Davi, o salmista, autor de vários salmos, mas falar de Jó como líder de adoração talvez possa soar estranho a primeira vista. Antes de explicar porque Jó é um grande líder de adoração é importante entender o que é adoração. Muitos acreditam e vêem a adoração como um momento de louvor em que bendizemos o nome de Deus com canções no culto, mas adoração é muito mais profundo, é um estilo de vida, é a maneira que vivemos nosso dia a dia e principalmente, como é o nosso testemunho cristão.

Uma vida de adoração é uma vida prostrada diante do altar de Deus, é ter o coração derramado e quebrantado, é bendizer a Deus o tempo todo não importam as circunstâncias, é louvar a Deus, pregar a palavra, andar em retidão, buscar ser correto e íntegro em todas as coisas, é buscar e estudar a palavra de Deus, cuidar do próximo, amar ao próximo como a ti mesmo, é ter uma vida em santidade. Quantas coisas, mas este é o caráter do verdadeiro adorador e do verdadeiro cristão, pois estas são as atitudes que todos nos como cristãos devemos buscar, pois todos nós devemos ser verdadeiros adoradores.

A Bíblia diz em João 4: 23 “Mas a hora vem, e agora é, em que os VERDADEIROS ADORADORES adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem.” (grifo da autora)

Note o que a Bíblia diz: os verdadeiros adoradores, então há aqueles que se dizem adoradores e não são. Tal observação deve nos fazer pensar em nossas ações como servos de Deus, como ministros do Evangelho e é aí que Jó entra como um exemplo de líder de adoração a ser seguido. Jó era um homem exemplar, um pai que cuidava dos filhos, intercessor, ajudava aos pobres, era exemplo aos jovens, um homem que andava em retidão e se desviava do mal, tanto que Deus disse que não havia na terra homem como ele, até que satanás vem e diz para Deus tirar tudo de Jó, para ver se ele permaneceria firme. Então, Deus permite que satanás toque nos bens de Jó e ele perde tudo de uma vez, inclusive seus filhos. Ao receber tantas notícias trágicas ao mesmo tempo, Jó rasga suas veste e se prostra diante de Deus e veja o que a Bíblia diz: “Então Jó se levantou, e rasgou o seu manto, e rapou a sua cabeça, e se lançou em terra, e adorou. E disse: Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o SENHOR o deu, e o SENHOR o tomou: bendito seja o nome do SENHOR. Em tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma. Jó 1:20-22”

Jó havia acabado de saber que tudo que ele tinha havia sido tirado dele e mesmo assim, ele se prostrou e adorou a Deus. Como não dizer que Jó é um grande líder de adoração, isto é o exemplo de um verdadeiro adorador, aquele que tem sua vida totalmente colocada nas mãos de Deus e mesmo quando a adversidade vem, permanece adorando ao Senhor e não murmura. Quantas vezes reclamamos em nosso dia de coisas tão pequenas, como por algo em nosso trabalho, alguma situação familiar, o trânsito, o transporte público, reclamamos de acordar cedo, dormir pouco, reclamamos muitas vezes do nosso irmão, do pastor e ainda sim queremos dizer que somos adoradores? Não significa que não devemos buscar coisas melhores, devemos lutar pelo bem e por mudanças, porque reclamações sem ação para solucionar os problemas não passam de murmuração.

Mesmo depois de satanás ter tirado tudo de Jó, para ele foi pouco, ele queria mais, porque o propósito dele é matar, roubar e destruir. Então, satanás voltou a questionar a Deus sobre a integridade de Jó, porque mesmo ele perdendo tudo, ainda tinha saúde, então poderia voltar a trabalhar, assim sendo Deus permitiu que satanás tocasse no corpo de Jó, mas que lhe preservasse a vida. O corpo dele ficou coberto de chagas, o cheiro era insuportável e se não bastasse sua condição física e toda a angústia, sua mulher foi contra ele e seus três amigos o condenaram sem motivos ao invés de ajudá-lo. Analisando o quadro de Jó, ele tinha todos os motivos para maldizer a Deus e murmurar, mas ele não o fez, aceitou tudo: “Então sua mulher lhe disse: Ainda reténs a tua sinceridade? Amaldiçoa a Deus, e morre. Porém ele lhe disse: Como fala qualquer doida, falas tu; receberemos o bem de Deus, e não receberíamos o mal? Em tudo isto não pecou Jó com os seus lábios. Jó 2:9-10”

Jó se entristeceu, ficou amargurado de espírito, perdeu tudo que tinha, todos os amigos que antes comiam de sua mesa o abandonaram, ele se tornou motivo de piada dos jovens que antes o respeitavam, sua mulher não conseguia se aproximar dele, os três amigos ao invés de consolá-lo o condenavam mais ainda e em tudo isso, Jó não pecou. A partir do capítulo 38, quando Deus começa a falar, Jó se arrepende mais ainda de suas falhas, reconhece a soberania de Deus e sua fidelidade, Deus restitui em dobro tudo que Jó tinha e ele ainda orou pelos três amigos e as pessoas que se afastaram dele voltaram para sua casa e Jó recebeu a todos. Talvez ele pudesse ficar ressentido pelo abandono dos amigos, mas não o fez, ele agiu com retidão, sabendo que tudo vem de Deus e devemos receber tudo que vem dele.

Jó é um exemplo de líder de adoração, ele foi um verdadeiro adorador, ele não criou salmos, não andava com uma viola debaixo do braço tocando nas praças, mas ele rendeu totalmente sua vida para Deus, ele permaneceu em adoração quando não tinha absolutamente nada, ele não murmurou, não blasfemou, ele honrou a Deus em todo o tempo, ele reconheceu quem Deus era e principalmente, o conheceu; “Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te vêem os meus olhos. Jó 42:5”

Para cada músico que deseja ser um verdadeiro adorador, um verdadeiro líder de adoração, está aí um exemplo a ser seguido, assim também para todos nós, pois uma vida de adoração independe do ministério que exercemos.

Por femterra, gospel +
 FONTE: P.I.BATISTA RENOVADA
RBEIRÃO PRETO/SP

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

EGOLATRIA: A IDOLATRIA DO EGO

 

EGOLATRIA: A IDOLATRIA DO EGO
Desde os dias neotestamentários que o cristianismo precisou definir sua identidade teológica, eclesiológica e missiológica para além da cultura. Isso significa que a igreja do primeiro século se recusou a ser um subproduto da cultura judaica, da filosofia grega, do paganismo que impregnava todos os setores da vida e das forças políticas e econômicas da Roma imperialista. O livro de Atos bem como os escritos apostólicos nos mostra quão árdua foi a batalha travada contra os sinédrios dos escribas e fariseus que desejavam silenciar os arautos do Senhor. A defesa de Cristo contra as heresias gnósticas e a autonomia da fé cristã sobre os poderes de César, são evidências de que o cristianismo transcendia a cultura do seu tempo. A história da igreja também nos oferece ricos registros de como, nos mais diferentes períodos, foi preciso que verdadeiros militantes e mártires da fé se recusassem a tomar para si a forma do século vigente (Rm 12.1-2). A época dos concílios, a reforma protestante e a batalha contra o racionalismo iluminista servem como inspiração para a igreja contemporânea. A verdade é que cada época se apresenta com seus próprios desafios. Cada século apresenta sua filosofia dominante que tenta se impor sobre a igreja, desconstruindo seus valores éticos, relativizando seus fundamentos teológicos e deslegitimando sua missão. Assim sendo, o que se espera da igreja é uma atitude de discernimento e ao mesmo tempo de firme posicionamento. Nos últimos tempos emergiu, entre nós evangélicos, uma prática mais centrada no amor ao poder do que no poder do amor. Há uma ênfase exagerada no poder dos métodos, símbolos sagrados, unção do líder personalista, o poder da fé miraculosa, o poder das palavras decretatórias e declaratórias, o poder do dízimo, dentre tantas outras fórmulas de poder, que indicam a urgente necessidade de se resgatar a essência do verdadeiro cristianismo bíblico. É fácil de constatar os males que essa síndrome de poder tem produzido no meio da igreja. Uma geração de líderes tem emergido mais desejosa de ser servida do que em servir. Gente que perdeu o pudor e que tem se utilizado da igreja de Deus com fins usurpadores. São pessoas megalomaníacas que se utilizam da lógica desse mundo para construir seus reinos, legitimando-se em nome de Deus, ao mesmo tempo em que revelam desconhecer o Deus da Bíblia. Não por acaso, os cismos acontecem a toda hora. A igreja de Cristo está fragmentada. Para manter ou conquistar o poder desejado, a unidade da igreja é sacrificada, a competição se torna desenfreada e nos balcões da fé religiosa, vale qualquer coisa para fazer seu negócio prosperar. Qual a origem e natureza dessa crise? Como devemos discernir e nos posicionarmos diante da cultura atual? A cultura pós-modernista com seu humanismo hedonista, pragmático, utilitarista, materialista e consumista pode ser apontada como a causa de todos os males que a igreja enfrenta. Porém, é importante lembrar que essa cultura é apenas um subproduto fabricado no coração do homem. Em sua condição de pecado, o homem torna-se absolutamente incapaz de amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. O que por si só, desemboca nos desequilíbrios mais horrendos. O mal inusitado é constatarmos a tendência de uma igreja que em vez de se posicionar contra essa cultura, procura absorvê-la em forma de espiritualidade. É muito comum encontrarmos cantores e pregadores gospels evocando uma espiritualidade que contradiz os princípios cristãos. Se na idade média o mundanismo adentrou a igreja através da religiosidade pagã, em nossos dias o mundanismo tem se apropriado da igreja através de um modelo de “espiritualidade” humanista e extremamente nocivo à fé cristã. Muitos líderes evocam seu sucesso, suposta autoridade e experiências espetaculares para deturpar as Escrituras diante de uma geração analfabeta de conhecimento bíblico-doutrinário. É daí então que nascem as falsas teologias fundamentadas em interpretações hermenêuticas alegóricas, caracterizadas pela desonestidade intelectual e espiritual dos seus mentores. Nesse aspecto, é possível que nenhum outro ataque contra a sã doutrina tenha sido tão sorrateiro e sutil quanto a influência do chamado evangelho da prosperidade ou terapêutico. Sua lógica discursiva tem promovido uma mentalidade mais mundana do que cristã, tem roubado a glória de Deus, tem deturpado as aspirações dos vocacionados, tem comprometido a missão, impedido a comunhão e adoecido a igreja, como bem observa o pastor e escritor Mark Driscoll ao apontar cinco razões porque o evangelho da auto-realização é um inimigo da missão:
Primeiro, ele não me convoca a amar a Deus e ao meu próximo, mas apenas a amar a mim mesmo. Segundo, ele não me chama para missão de Deus, mas chama Deus para a minha missão. Terceiro, ele não me chama para ser parte da igreja servindo na missão de Deus, mas para usar a igreja para me tornar uma pessoa melhor. Quarto, ele não me chama a usar meu dom ou dons espirituais para edificar a igreja, mas para realizar meu potencial pleno. Quinto, ele pega o orgulho, que Santo Agostinho chama de mãe de todos os pecados, e o reapresenta como autoestima, a serva de todas as virtudes”.
O que temos por trás dessa cultura é o que denominamos de egolatria ou simplesmente de idolatria do ego. O homem do nosso tempo é um ególatra, na medida em que se apresenta como “a medida de todas as coisas”. Na idolatria do ego, o eu passa ser o ídolo do próprio homem. Nada de amor ao próximo, nada de Deus ou de deuses. Quando alguma divindade é invocada, a motivação é utilitarista, egoísta, e, portanto ególatra. Os sinais da egolatria podem ser vistos em toda parte. As pessoas estão cada vez mais ansiosas em concretizar seus projetos individualistas, mesmo que para isso o próximo seja ignorado e valores eternos sejam relativizados. Vontades e desejos são absolutizados, a fim de contemplar e satisfazer suas demandas de prazeres. Ostentar poder e sucesso é para os ególatras o fim último da própria vida. Precisamos urgentemente reafirmar a validade dos mandamentos bíblicos, como eficazes para transformação dessa cultura ególatra. Jesus nos ensinou que quem ama a Deus sobre tudo e acima de tudo, e ao próximo como a si mesmo, cumpre toda a Lei. Só o amor a Deus nos livrará da idolatria, e só o amor ao próximo nos livrará do egoísmo. Assim sendo, o amor bíblico revelado pelo Cristo de Deus não é uma opção condicionada às emoções e sentimentos de quem quer que seja. Amar é uma decisão norteada e normatizada por Deus e Seus mandamentos. Se por um lado não temos o direito de negar o amor em nome da verdade, também não podemos em defesa da verdade omitir o amor. Não raramente os que assim procedem tornam-se prepotentes, legalistas e intolerantes. A cultura brasileira é normalmente melindrosa, sentimentalista e acentuadamente emotiva. Nesse contexto temos muita dificuldade de compreender o amor como uma decisão racional que se fundamenta no mandamento de Deus. Poucas são as pessoas que confrontam ou se deixam confrontar em nome do amor (Gl 2.11). A cultura da correção e da disciplina é cada vez mais rara tanto como instrumento pedagógico de formação familiar, quanto como marca da verdadeira igreja de Cristo. Porém, à luz das Escrituras, a disciplina e a correção devem ser evidenciadas na família e na igreja, atentando para a natureza e essência do amor (Hb 12.6-11). Concluímos chamando a atenção para a urgência de resgatarmos a centralidade de Deus na teologia, na vida, no culto e na missão. Para isso precisamos entender outra vez o que significa “negar a si mesmo” (Mt 16.24), “oferecer-se a Deus” (Rm 6.13); “estar crucificado com Cristo” (Gl 2.19) ”e não ter cada um em vista o que é propriamente seu” (Fp 2.4). Se entendermos esses princípios, o “eu” haverá de ser descentralizado, a cultura ególatra deslegitimada, a igreja viverá em função do evangelho simples e a Deus tributaremos a exclusiva glória que lhe é devida. No amor de Cristo,

Pr. Aurivan Marinho